O MITO DO CURADOR-FERIDO

Conta o mito que, durante um conflito entre centauros com Héracles, um deles foge e se esconde na caverna de Quíron, o grande mestre dos heróis e médico. Na tentativa de acertar o inimigo, Héracles lança uma flecha, que atinge Quíron, que acaba mortalmente ferido. Sendo imortal, o médico-curador não pode morrer, mas sua ferida, sendo causada pelo herói, não pode fechar. A partir desse momento, Quíron passa a precisar usar todos os seus conhecimentos sobre cura, medicina e cirurgia para tentar aliviar o seu grande sofrimento. 

Aqui ele se torna o grande símbolo do curador-ferido. A proposta que C. G. Jung faz, em sua Psicologia Analítica, de abordar outra alma humana apenas como alma humana é uma convocação para lembrar que somos humanos que sofremos em contato com outros humanos em sofrimento. 

Elencando essa perspectiva será revisitada a proposta da atuação clínica pela perspectiva filosófica do cuidado de si e sua relação com a concepção de cultivo da alma da Psicologia Arquetípica, buscando o entrelaçamento poético do momento em que se desvela da dor o próprio dom.

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